Saber delegar exige confiança naquele que irá executar a tarefa. Nem sempre os gestores se sentem seguros para autorizar alguém a exercer determinada atividade. Acompanhe o artigo de Jaime Wagner sobre os níveis de construção da confiança na autonomia do outro.
Por Jaime Wagner, diretor da PowerSelf, primeira empresa brasileira com foco no tema da administração do tempo
Níveis de Autoridade
Delegação, portanto, é um processo de construção de confiança para o trabalho conjunto e a decisão compartilhada. O que está em jogo é a confiança na habilidade de decisão autônoma de alguém que não tinha esta capacidade ou que não tinha a respectiva confiança. É um processo, não uma atividade isolada. Passa por fases de amadurecimento e não ocorre de supetão. Pode inclusive regredir, mas se a regressão for suave, não haverá a quebra de confiança abrupta que mina as bases do relacionamento.
Ora, para decidir é preciso ter-se alternativas. Se não há alternativa não há decisão, mas um único curso de ação. Alternativas dependem de informação, mas não se confundem com os dados brutos. Estes precisam ser montados numa estrutura coerente de causa e efeito que permita avaliar possíveis consequências das diferentes opções de ação.
O processo de delegação deve passar pelos seguintes níveis na construção da confiança na autonomia do outro. Até o nível 3 pode-se voltar ao nível anterior sem que isso implique em quebra de confiança.
Nível 1) Levante os dados. Pensaremos alternativas em conjunto. No nível mais básico se ensina ou se verifica que o outro conheça as fontes de informação apropriadas e que saiba estruturar os dados em termos de alternativas. A decisão é de quem delega.
Nível 2) Proponha as alternativas. Decidiremos em conjunto. Aqui o delegado já tem familiaridade com as fontes de informação e está demonstrando sua capacidade de estruturar alternativas. A decisão ainda é prerrogativa de quem delega. A volta ao nível anterior aqui, equivaleria a perguntar: “você considerou tais fontes ou alternativas?”
Nível 3) Diga-me o que vai fazer. Neste nível já há confiança na capacidade de decisão do delegado, mas se mantém o poder de veto. A volta ao nível anterior seria feita com a pergunta: “quais as outras alternativas?”
Nível 4) Faça e me informe em caso de problema. Neste caso o delegado já decide por si, mas como quem delega responde igualmente pelos erros, quer ser informado para ajudar numa eventual correção ou compensação, o que pode implicar na necessidade de correção do próprio processo de decisão do delegado. Neste caso a volta ao nível anterior já tem uma conotação de punição que precisa ser tratada de forma adequada. Geralmente este é o grau mais alto de delegação a que se chega nos níveis gerenciais.
Nível 5) Informe-me dos resultados. No nível mais alto não só o reconhecimento, mas a própria correção de eventuais problemas é da alçada do delegado. Este quinto nível é típico de escalas hierárquicas mais elevadas, tais como a diretoria de uma empresa. Também aqui, o retorno ao nível anterior pode ser delicado. O nível adequado depende da habilidade ou competência do delegado, mas talvez dependa ainda mais da maturidade emocional de ambos: delegante e delegado. Ou melhor, da maturidade da relação entre ambos. Sim, pois duas pessoas maduras podem ter relações imaturas e uma relação madura pode retroceder a um nível de confiança zero. Basta ver alguns casais em processo de separação ou dois diretores em disputa pelo poder numa empresa. A maturidade e a confiança se expressam e se comunicam através das atitudes, muito mais do que dos discursos. Isto é, a comunicação não verbal tem papel crucial no processo de delegação.
Fonte: site www.santodecasa.net