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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Síndrome de Steve Jobs

"Eu tive um sonho, e vocês estão aqui para realizá-lo!"

Não, não, não! Pára o mundo que eu quero descer. Se eu não estivesse no auditório, juntamente com outros quatrocentos "Colaboradores", não teria acreditado na cena. Que o sujeito era um egomaníaco todo mundo sabia, talvez isso até seja um pré-requisito para um empresário de sucesso, mas, um comentário assim em plena reunião da empresa é muito despreparo.

O que ele achou? Que eu estaria motivado a realizar o sonho dele? Não encontro explicação lógica para essse comentário e, pelo zum-zum-zum do auditório, o resto da empresa concorda comigo. O nome disso é "Síndrome de Steve Jobs". Isso, desde que o garoto de ouro voltou para Apple e revolucionou o mundo pela segunda vez, seu estilo de gestão voltou à moda com tudo.

Não me entenda mal, não estou criticando o brilhantismo de Steve Jobs, afinal, há de se dar crédito ao CEO da Década. É inegável o talento do sujeito e suas contribuições para o mundo do entretenimento e computação. Mas, é notório também que Jobs é um sujeito difícil de se trabalhar, acostumado a humilhar seus funcionários ao ponto de levar a equipe a níveis de stress insuportáveis, fazendo muita gente boa "pedir para sair" literalmente. Nesse sentido, ele é frequentemente comparado a outro mestre, Beethoven, brilhante mas difícil conviver profissionalmente. O fato é que isso não atrapalhou seus resultados, por ser gênio ele pode se dar ao luxo de tratar os outros como lixo, simplesmente porque há uma fila de profissionais qualificados esperando uma chance de trabalhar com ele.

Agora, você CEO que não é Steve Jobs, por favor, não tente isso. Para você, sobram os princípios básicos que deveriam estar na cartilha de todos os outros mortais gestores, são eles:

- Respeite: Ignore qualquer pessoa que lhe diga o contrário. Respeito é a base de todas as relações humanas. Não acredito em trabalho de qualidade resultante de um ambiente onde as pessoas não se respeitam, pode até funcionar no curto prazo mas não se sustenta. Quando existe respeito é possível levar a discussão para um outro nível, discutir idéias, pontos de vista. Mas, sem respeito o resto não funciona.

- Inspire:
Um dos papéis do líder é obter o melhor das pessoas, em todos os aspectos. Nesse sentido o líder deve inspirar as pessoas a serem melhores, compartilhando a sua visão com o grupo. Nesse quesito o próprio Jobs é imbatível. O ponto chave aqui é fazer com que o "seu sonho" seja na verdade o sonho da empresa, é engajar sua equipe na tarefa conjunta de construir um futuro melhor.

- Contrate e Retenha Gente Melhor que Você: Alguns gestores, por sentirem-se ameaçados, contratam profissionais menos qualificados, gerando o seguinte padrão: Profissionais Nível A contratam profissionais de nível B, que por sua vez contratam profissionais de Nível C e por aí vai. Já imaginou o que sobra para os níveis operacionais quando se segue uma política assim? Gente melhor que você, inevitavelmente, acaba por torná-lo melhor. Essas são as pessoas que você precisa em sua equipe. E a empresa toda ganha com isso.


Ah, guarde seu ego para o espelho pela manhã, ele não vai reclamar.

Jack DelaVega é o pseudônimo de Juarez Poletto, um dos editores de um blog focado nos tópicos de Carreira. 
Fonte: www.cdlpoa.com.br

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