Consultores afirmam que a fama de alguém pode interferir nas promoções
A fama não é privilégio dos artistas. No ambiente de trabalho, também há as celebridades. Costuma ser fácil perceber quem são os bons, os malvados e até os coadjuvantes. Personagens identificados, reputações difundidas. É aí, segundo especialistas, que carreiras começam a correr risco. O que dizem de determinado funcionário pode interferir em decisões tomadas pelos chefes, como quem será promovido, receberá um aumento ou participará de projetos estratégicos.
De acordo com a administradora e especialista em gestão estratégica Reginah Araújo, a reputação nas empresas surge de duas formas: pela conduta do funcionário ou pelos comentários indevidos feitos por outras pessoas.
– Condutas inadequadas e fofocas no cafezinho podem ser o início para uma má reputação – diz. As conversas do intervalo nem sempre são despretensiosas, alerta Reginah.
– Muita gente procura falar mal do outro para evitar que ele cresça – explica a também coach e palestrante motivacional.
O administrador de empresa Fernando*, 25 anos, caiu nessa armadilha. Disposto a fazer um bom trabalho no órgão público onde exercia um cargo de confiança, ele começou a ser boicotado pelos demais funcionários do setor.
– Muitas das tarefas que eu fazia eram apresentadas ao chefe por outras pessoas como se elas as tivessem feito – conta.
Para evitar confusões, Fernando não deixava que seu superior soubesse das cenas, que passaram a se tornar cada vez mais constrangedoras.
– Eram vários comentários, piadinhas e ainda fofocas ao meu respeito”, disse. Como uma das servidoras tinha intimidade com o chefe, não demorou para a situação piorar. E o resultado foi a demissão de Fernando por um erro que ele garante não ter cometido.
– Fui responsabilizado, sendo que, no documento em que ocorreu o erro, estava o carimbo de uma seção que não era a minha – defende-se.
Personalidade
Quando a má reputação surge por conta de comportamentos inadequados do profissional, revertê-la é mais complicado, já que há veracidade nos comentários. Trazer problemas familiares, passar horas navegando pela internet durante o expediente e achar que projetos darão sempre errado estão entre as atitudes repetidas frequentemente no ambiente de trabalho e que são percebidas por chefes e pelos demais funcionários.
– O bom profissional procura evitar dar forças para essas situações e parecer que tem descaso pelo serviço – alerta Reginah.
Fábio Caló, psicólogo e analista de comportamento, alerta que nem sempre essas posturas são falta de bom senso.
– Há profissionais com fobia social. Isso resulta em condutas, como a timidez, que são um prato cheio para que as reputações sejam criadas – explica. – Por meio de programas em grupo ou treinamento individual, é possível encontrar soluções.
Desorganização e mau humor também entram na lista
O problema da reputação no trabalho pode ganhar proporções ainda maiores quando afeta toda uma equipe. “Nas empresas, não existe espaço para brigas ou desentendimentos”, alerta Reginah Araújo. Segundo a especialista em gestão, as empresas estão de olho na personalidade dos funcionários. “Antes, um bom currículo bastava. Agora, é preciso ter características que ajudem no crescimento”, explica. E quando a má reputação se torna uma confusão em todo o setor, só existe uma solução: trabalhar os problemas de personalidades e condutas em conjunto. Dinâmicas de grupo são muito aplicadas nesse caso. Comum, a da Chapeuzinho Vermelho estimula os participantes a identificarem, entre os colegas, que são a chapeuzinho, a vovó e o lobo mal.
Cuidado de iniciante
Quando o assunto é o cuidado com a reputação, nem os estagiários escapam. No caso dos iniciantes, boa imagem e boa conduta podem ser a porta para uma possível contratação. De acordo com a supervisora de Processos Especiais do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Noely David, o estagiário precisa ter humildade e saber observar o ambiente em que está inserido. Assim como os profissionais contratados, desvios de comportamento não são bem-vistos. Mas para eles as rédeas são um pouco mais frouxas. Muitas vezes, por não terem conhecimento de como funciona o ambiente de trabalho, eles acabam aprendendo somente na prática – avalia. Noely David destaca que falar alto, se vestir inadequadamente e usar uma linguagem muito informal podem prejudicar o crescimento dos estreantes.
– Eles devem chamar atenção pelo trabalho, não pelo comportamento impróprio – avalia. – Muitas vezes, eles têm um bom perfil, mas colocam tudo a perder. É importante não se mostrar preguiçoso, fazendo o mínimo, ou então se comportando como se já soubesse de tudo.
Fonte: http://www.clicrbs.com.br
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