Para alastrar o uso dos cartões de crédito, as credenciadoras terão de vencer a cultura regional de preferência dada ao crediário próprio no varejo. A Lojas Colombo cede ao apelo das transações com cartão de crédito meio a contragosto. O diretor administrativo, financeiro e de TI do grupo, Gilberto Galafassi, confessa que a energia da rede está sendo injetada para turbinar o crediário próprio, administrado por uma financeira da casa. É a tática de fechar porteiras para a fuga de rentabilidade do negócio, com margens cada vez mais apertadas. "Mas é certo que os cartões vão continuar crescendo. Muitas companhias estão plastificando os clientes", rende-se.
Até porque os números falam por si só: nos últimos 13 anos, os cartões pularam de 7% para 35% das compras, o mesmo espaço do Crédito Direto ao Consumidor (CDC). Por isso, a rede prepara artilharia para reforçar o plástico próprio, que tem a bandeira Visa. São 200 mil clientes com o produto, cujo peso é módico na cifra comercializada: 4% a 5% das transações com plásticos.
O apego ao crediário é marca registrada de grupos regionais de varejo. Fabio Junior Zamin, diretor de vendas e marketing das Lojas Volpato, com sede em Lagoa Vermelha, busca quebrar a tradição do cadastro administrado pelo ponto com novos operadores, como o Banco Sicredi. Será um caminho longo: hoje 75% das vendas são pelo CDC da rede. Apenas 6% do faturamento é registrado por players como Cielo e Redecard. "O Sicredi ofereceu 50% de redução em taxas", comparou.
Para o consultor Xavier Fritsch, a liderança do CDC próprio frente aos cartões das grandes bandeiras domina os grupos com atuação regional. A soberania é explicada por excesso de confiança no controle sobre a conduta dos clientes na hora de gastar. Para Fritsch, o comando sobre a decisão de gastar estará cada vez mais na mão do consumidor, ou seja, no plástico que ele levar no bolso. (PC).
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