A produção brasileira de software deve exibir crescimento de 20% neste ano e, mesmo assim, o país corre o risco de continuar estagnado na comparação com outros competidores globais.Relatório da Abes, associação que representa a indústria de software e serviços, prevê que, em 2010, o setor movimentará US$ 16,7 bilhões, alta de 8,4% em relação ao ano anterior.Porém, o estudo foi realizado no início do ano, quando a taxa de câmbio estava desfavorável e a previsão de crescimento do PIB, em 3%.As estimativas atuais indicam que a economia fechará o ano com 6% de expansão. "Isso significa que o setor crescerá cerca de 20%, muito acima da média mundial", disse Gerson Schmitt, presidente da Abes. "Passaremos dos US$ 16 bilhões."Contudo, Schmitt afirma que esse resultado seria maior caso o governo estimulasse o setor privado, em vez de competir com ele. "Corremos o risco de continuar na mesma entre os países que competem nesse ramo."O Brasil ocupa a 12ª posição respondendo por 1,7% das vendas globais.
Para Schmitt, a estratégia do Brasil para ganhar mercado internacional foi investir na formação de profissionais para a prestação de serviços terceirizados como fazem China e Índia.É uma possibilidade, mas, ainda segundo ele, a estrutura de custos do Brasil não permitirá atingir a competitividade dos asiáticos.
Outra dificuldade é a escolha das plataformas de códigos abertos (softwares livres), promovidas particularmente pelo governo federal, como prioridade. A Abes defende o incentivo aos programas de "marca" (fechados).Ainda segundo a Abes, o país tem reputação internacional no desenvolvimento de softwares destinados às áreas financeira e energética."Deveria aproveitar esse potencial para exportar", disse Schmitt. "Só 6% das receitas do setor no país vêm das vendas externas."Não bastasse, 71% das vendas ocorridas no mercado interno tornam-se receitas para empresas estrangeiras, que aqui são líderes.
Além disso, o próprio governo é um concorrente. Empresas públicas desenvolvem softwares exclusivos para a administração federal, um mercado que as empresas privadas têm dificuldade de participar e estimam deixar de ganhar R$ 2 bilhões por ano.
Fonte: www.folha.uol.com.br
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