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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Comunicar é preciso

Facilite, Simplifique, Comunique (se você falar difícil, mais difícil será a sua comunicação).

Um dos males comunicacionais que mais assolam os locais de labor cotidiano é a falácia da expressão culta e estéticamente elegante que contribui para o impedimento da cognição ao favorecer o não entendimento interpretativo humano.

Calma! Eu traduzo.

Tentar falar dificil ou “bonito” é uma das maiores falhas de comunicação no local de trabalho.
Qual das duas afirmações foi mais fácil de entender? A segunda , óbvio.
O problema é que nas empresas exemplos como esse pipocam aos montes por todos os lados, principalmente em quadros de aviso, comunicados internos ou memorandos.

Diquinha simples: Seja simples. Simplesmente simples. Apenas simples e nada mais

Quanto mais voltas, piruetas e cambalhotas você der na hora de se expressar, mais acrobacias o cérebro do seu ouvinte (ou leitor) terá de fazer para entender. E o que você busca ao se comunicar profissionalmente é ser o mais claro e objetivo possivel e plenamente entendido pelo seu público.
Um exemplo muito recente é o aviso do TSE na televisão a respeito da documentação necessária para a eleição. Não bastasse toda a confusão feita para definir um assunto tão importante a poucos dias do pleito, na hora em que foram anunciar a tal decisão Pimba! Lá vão eles querer falar difícil, e o que saiu foi esta pérola:


O eleitor não será impedido de votar se levar apenas o documento oficial com foto para sua seção eleitoral no domingo dia 3.

Pra que tudo isso? A menos que esse aviso tenha algum outro objetivo do que o de informar a população, ele é um verdadeiro malabarismo gramatical. Eu tive de prestar atenção umas duas vezes pra ter certeza do que estava sendo dito.
Primeiro porque ele apresenta a dupla negativa “não será impedido” que é a mesma coisa que “será permitido” só que do avesso. (pra que facilitar né?)
Depois aparece “o documento oficial” ao invés de “um documento oficial”.
O  artigo “O” no começo da expressão subentende um documento especifico (mas não especificado na pérola publicitária)  o que acaba parecendo mais uma restrição do que uma possibilidade. (Qual é “o” documento oficial?)
E, por fim, a cereja do bolo “para sua seção eleitoral no domingo dia 3” Prolixidade disfarçada de exatidão elevada a enésima potência. Pra quê tudo isso? Que tal usar “no dia da eleição”, “para votar”, “no local de votação” e assim por diante?

Na hora de se comunicar seja simples. 

Evite Ordem indireta: O livro será buscado pelo livreiro.
Prefira: O livreiro buscará o livro.
Evite dupla negativa: Não é proibido fumar neste local.
Prefira: É permitido fumar neste local
Evite prolixidade: argumentação amistosa em torno de idéias comuns
Prefira: bate papo entre amigos.
Use sempre uma versão afirmativa, é mais fácil para o cérebro entender.
O mais interessante e, cá entre nós, que muito fermentou minha teoria conspiratória a respeito do dito anúncio, seu conteúdo gramatical e a quê ele realmente se destina (escrevi dificil mesmo, confusão proposital) é que fui visitar o site do TSE para ver se conseguia descobrir algo mais sobre o assunto e ao chegar lá me deparo com isso:


O Eleitor poderá levar apenas documento com foto no dia da eleição.



E se mesmo depois desse post você ainda quiser falar difícil, ficam algumas sugestões bem interessantes abaixo. Divirta-se.


1- Prosopopéia flácida para acalentar bovinos
(Conversa mole pra boi dormir)


2 – Colóquio sonolento para gado bovino repousar
(História pra boi dormir)


3 – Romper a face
(Quebrar a cara)


4 – Creditar o primata
(Pagar o mico)


5 – Inflar o volume da bolsa escrotal
(Encher o saco)


6 – Derrubar, com a extremidade do membro inferior, o suporte sustentáculo de uma das unidades de
acampamento
(Chutar o pau da barraca)


7 – Deglutir o batráquio
(Engolir o sapo)


8 – Derrubar com intenções mortais
(Cair matando)


9 – Aplicar a contravenção do Dr. João,deficiente físico de um dos membros superiores.
(Dar uma de João sem braço)


10 – Sequer considerar a utilização de um longo pedaço de madeira.
(Nem a pau)


11 – Sequer considerar a possibilidade da fêmea bovina expirar fortes contrações laringo-bucais.
(Nem que a vaca tussa)


12 – Derramar água pelo chão através do tombamento violento e premeditado de seu recipiente.
(Chutar o balde)


13 – Retirar o filhote de equino da perturbação pluviométrica.
(Tirar o cavalinho da chuva)


14 – Bucéfalo de oferendas não perquiris formação odôntica!
(Cavalo dado não se olha os dentes!)

Fonte: http://vocesa.abril.com.br/blog/marcio-mussarela/2010/10/04/simples/

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